terça-feira, 1 de setembro de 2009

A bicentenária Marujada

Contrariando as teses de que o desenvolvimento das sociedades modernas aponta para o fim das tradições, a Marujada chega, no próximo dia 3 de setembro, aos 211 anos. Para saudar a data, protocolamos nesta terça-feira (1º), requerimento com votos de aplausos e louvor pelo transcurso à manifestação típica da microrregião do Salgado, que tem como berço o município de Bragança.

Feliz é o povo que tem orgulho da sua cultura, da sua história e tradição. Assim é o povo bragantino, que ao longo de anos tem conquistado, a despeito da globalização imposta neste milênio, o poder de manter pleno o legado cultural da Marujada.

É na Festividade de São Benedito, uma tradição que une cultura e fé, que a dança merece destaque especial. A festa atrai milhares de turistas e movimenta a cidade durante o ano inteiro. Os preparativos começam em junho quando três imagens de São Benedito percorrem o município de Bragança. Nos dias 25, 26 de dezembro - dia da São Benedito -, e no dia 1° de janeiro acontecem o ponto alto dos festejos: a dança da Marujada.

A história da dança começou em 1789, quando os senhores de escravos permitiram que eles criassem a irmandade de São Benedito e construíssem uma igreja em homenagem ao Santo Preto. Em agradecimento, os negros foram à casa de seus senhores dançarem a Marujada.

Ela constitui-se quase que exclusivamente por mulheres, as chamadas marujas, cabendo-lhes a direção e a organização. Os homens tocam os instrumentos ou são apenas acompanhantes. Ninguém fala ou canta. E também não há dramatização de qualquer feito marítimo. Sua principal característica é a dança, no ritmo do retumbão e com passos firmes e cadenciados a lembrar as ondas do mar.

Tambor, cuíca, pandeiro, rabeca, viola, cavaquinho e violino são os instrumentos musicais que acompanham as marujas que caminham ou dançam em duas filas. À frente de uma fila a Capitoa, e na outra fila, a sub-capitoa. A Capitoa leva um pequeno bastão de madeira, enfeitado de papel, tendo na extremidade uma flor. Atrás e no centro, fechando as duas alas vão as marujas e os marujos.

Por tudo isso, essa bicentenária Marujada merece, sem sombra de dúvidas, nosso respeito por sua importância para a preservação histórica e cultural de Bragança e do Pará.

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