quinta-feira, 8 de julho de 2010

Livro registra cultura bragantina


A cadeia produtiva da mandioca e os apetrechos utilizados no beneficiamento da matéria prima, os ritos e festas que movimentam a cidade, compõem o Inventário Cultural de Bragança, que faz um apanhado das manifestações e seus autores.

Editado em DVD e impresso, projeto da Fundação Hilário Ferreira, realizado através da Lei Semear, do Governo do Estado, com patrocínio da Y Yamada e Celpa, é um mosaico dos costumes bragantinos, desde a fundação do município, acompanhando as transformações ocorridas ao longo do tempo, até os dias atuais.

O trabalho foi realizado para suprir a carência de registros de elementos que ao longo da história fazem parte da cultura bragantina e que há cerca de três décadas passaram a ter uso cada vez mais restrito. Durante a pesquisa, constatou-se que na maioria das comunidades, poucas pessoas dão continuidade a tradições inerentes ao cotidiano de seus ancestrais.

Portanto, o objetivo da edição é documentar os elementos que resistiram ao tempo e as novas tecnologias e que, mesmo isoladamente, ainda fazem parte da vida do povo bragantino.

Com linguagem acessível e objetiva, o Inventário Cultural de Bragança, editado em dois formatos foi idealizado para servir como referência em pesquisas de diversos interesses: acadêmico, pedagógico, turístico, histórico, antropológico e econômico. Guilherme Thorres, que fez o registro fotográfico no levantamento, falou sobre os critérios adotados para o trabalho. “Tive que focar o olhar como se fosse alguém que estava vendo aqueles elementos pela primeira vez, captando detalhes que proporcionem o entendimento a alguém que consulte o material, mesmo sem nunca ter vindo a Bragança de forma clara e objetiva”, explicou o fotógrafo.

O designer gráfico Fábio Higor, responsável pela edição impressa também explicou os cuidados que teve para atingir ao objetivo do projeto. “Reunimos informação e beleza com harmonia, para que o visual se encarregasse de atrair leitores de todas as faixas estarias, uma vez que a linguagem escrita também é muito acessível. A intenção foi descomplicar ao máximo”, justificou Fábio.

TÓPICOS - O Inventário Cultural de Bragança é composto por três tópicos que abordam a diversidade de elementos que fazem parte dos usos e costumes culturais ao longo de quase 400 anos de história. Para obter os registros, uma equipe de profissionais percorreu diversas localidades do município, de maio de 2007 a dezembro de 2008, fazendo levantamento, filmando e fotografando os elementos ainda existentes.

MANDIOCA - O primeiro tópico do inventário tem como enredo os “Saberes e Fazeres”, revelando elementos genuínos que compõem a cadeia produtiva da farinha de mandioca e suas variedades, que ainda fazem parte do cotidiano dos lugares visitados. Devido à relevante representação da cultura da mandioca para o município, bem como todos os elementos que fazem parte do processo produtivo da matéria prima, foi necessário um tópico inteiro destinado ao assunto. Os registros mostram que apesar da permanência de diversos itens, existe redução significativa na escala produtiva dos objetos de pesquisa encontrados. Porém, os que fazem parte do dia-a-dia do povo bragantino, resistindo ao tempo e às novas tecnologias, são de grande valia para a cultura paraense.

FESTIVIDADES - O segundo tópico, intitulado “Ritos e Festas”, traz como enfoque as manifestações folclóricas e religiosas: cordões de pássaros juninos, bois-bumbás e a bicentenária Festividade de São Benedito. “Fizemos uma abordagem generalizada sobre os cordões de pássaros juninos e bois bumbas. No entanto, o foco principal é a Festividade de São Benedito, nossa maior tradição religiosa e cultural, que ganhou o destaque merecido”, justificou o músico e professor Toni Soares.

TALENTO - O terceiro e último tópico é uma reverência aos autores da cultura bragantina, pessoas que com seus talentos construíram por quase quatro séculos uma personalidade à Bragança, elevando o município ao píncaro da singularidade. “Essas pessoas são as principais responsáveis pelo toque que torna Bragança um município diferenciado por suas tradições. Não foi à toa que estão destacados no tópico intitulado Tesouros Humanos. Eles são o que há de mais valioso personificado em Bragança, pois representam nossa maior riqueza, aquilo que faz com todos que chegam a Bragança se apaixonem, e os bragantinos que se ausentem nunca deixem de sentir saudade, que é a nossa cultura de maneira geral”, disse a deputada.

NOVA – A deputada adiantou que ainda este ano, a Fundação Hilário Ferreira dará início ao Inventário Cultural de Vigia e também a um projeto sobre a extinta Ferrovia Belém Bragança.

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